O CATECUMENATO BATISMAL, FIRME VONTADE DA IGREJA

Restauração do catecumenato
DOCUMENTOS DA IGREJA QUE PEDEM A REIMPLANTAÇÃO DO CATECUMENATO
DO VATICANO II AOS NOSSOS DIAS
Concílio Vaticano II, Constituição Dogmática sobre a Sagrada Liturgia, Sacrosanctum Concilium, n. 64.
Paulo VI, Exortação Apostólica Pós-Sinodal sobre a Evangelização no Mundo de Hoje, Evangelii Nuntiandi, n. 44.
Congregação para o Clero, Diretório Catequético Geral, 1972, nn. 19-20.
João Paulo II, Exortação Apostólica Pós-Sinodal sobre a Catequese Hoje, Catechesi Trandendae, n. 23.
Congregação Para o Clero, Geral para a Catequese, 15/08/1997, nn. 89—91.
Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, OICA (RICA) Ordo Initiationis Cristianae Adultorum, Toda a Introdução. O Ritual faz uma completa exposição a respeito do CATECUMENATO.
CCE, Catecismo da Igreja Católica, nn. 1230—1232; e 1247--1249
Documentos Regionais das Conferências Episcopais:
1-Catequse Renovada, CNBB,
2- V Conferência do Episcopado da América Latina e do Caribe, Documento de Aparecida, Aparecida, SP,29/05/ 2007;
3-Diretório Nacional para a Catequese.

Introdução

Nesses 50 anos depois do Vaticano Segundo, a Igreja tem repetido com voz sonora e insistente um pedido de implantação do catecumenato dos adultos na pastoral da Igreja de modo que este venha a ser a maneira ordinária de introdução dos fiéis na vida cristã e no conhecimento-acolhimento dos mistérios de Cristo. É preciso que façamos ver aos catequista e a quantos mais estão engajados na pastoral ordinária da Igreja a importância e a necessidade de uma renovação pastoral e espiritual de todos na igreja e das ações de evangelizar, catequizar e pastorear da Igreja na atual conjuntura do mundo.
O presente artigo visa exatamente dar a conhecer, a quantos se interessarem pelo tema, uma visão rápida da estrutura do catecumenato para, daí em diante, ter a condição de instituí-lo nas paróquias como o meio ordinário da formação cristã inicial e norma inspiradora de toda a catequese na paróquia.


I. Concílio vaticano II; Sacrosanctum Concilium, n.64

64. Restaure-se o catecumenato dos adultos, com vários graus, a praticar segundo o critério do Ordinário do lugar, de modo que se possa dar a conveniente instrução a que se destina o catecumenato e santificar este tempo por meio de ritos sagrados que se hão de celebrar em ocasiões sucessivas.
65. Seja lícito admitir nas terras de Missão, ao lado dos elementos próprios da tradição cristã, os elementos de iniciação usados por cada um desses povos, na medida em que puderem integrar-se no rito cristão, segundo os art.s 37-40 desta Constituição.

II. Evangelii Nuntiandi
A catequese
44. Uma via que não há de ser descurada na evangelização é a do ensino catequético. A inteligência nomeadamente a inteligência das crianças e a dos adolescentes, tem necessidade de aprender, mediante um sistemático ensino religioso, os dados fundamentais, o conteúdo vivo da verdade que Deus nos quis transmitir, e que a Igreja procurou exprimir de maneira cada vez mais rica, no decurso da sua história. Depois, que um semelhante ensino deva ser ministrado para educar hábitos de vida religiosa e não para permanecer apenas intelectual, ninguém o negará. E fora de dúvida que o esforço de evangelização poderá tirar um grande proveito deste meio do ensino catequético, feito na igreja, ou nas escolas onde isso é possível, e sempre nos lares cristãos; isso, porém, se os catequistas dispuserem de textos apropriados e atualizados com prudência e com competência, sob a autoridade dos Bispos. Os métodos, obviamente, hão de ser adaptados à idade, à cultura e à capacidade das pessoas, procurando sempre fazer com que elas retenham na memória, na inteligência e no coração, aquelas verdades essenciais que deverão depois impregnar toda a sua vida. Importa sobretudo preparar bons catequistas, catequistas paroquiais, mestres e pais, que se demonstrem cuidadosos em se aperfeiçoar constantemente nesta arte superior, indispensável e exigente do ensino religioso, Além disso, sem minimamente negligenciar, seja em que aspecto for, a formação religiosa das crianças, verifica-se que as condições do mundo atual tornam cada vez mais urgente o ensino catequético, sob a forma de um catecumenato, para numerosos jovens e adultos que, tocados pela graça, descobrem pouco a pouco o rosto de Cristo e experimentam a necessidade de a ele se entregar.


III. Diretório Catequético Geral

As Várias Formas de Catequese; O Catecumenato e a Catequese dos Adultos
19. Nas igrejas de formação recente é de particular importância o trabalho de evangelização, no sentido próprio do termo e, em seguida, você tem a forma clássica do catecumenato, para aqueles que são iniciados na fé em vista do batismo. Em suma, a atividade catequética pode assumir diferentes formas e estruturas: sistemáticas e ocasionais, individual e comunitária, organizadas e espontâneas, etc.


O Catecumenato

20. Os pastores tenham em mente seu dever de salvaguardar e promover, em todas as fases da vida e para cada situação histórica, pela palavra de Deus, a luz da vida cristã, para que todos, sejam o sinal fiel de que, tanto o crente como toda a comunidade, é alcançado no estado espiritual no qual concretamente se encontra. Eles também devem se lembrar que a catequese para adultos, que é dirigida a pessoas que são capazes de adesão e compromisso verdadeiramente responsável, deve ser considerada como a principal forma de catequese, para a qual todas as outras, não menos necessárias, são ordenadas . Também tenham o maior cuidado, de acordo com as normas do Concílio Vaticano II, para "restaurar e para melhor se adaptar aos nossos tempos o catecumenato para os adultos."
Nota: Este é o ponto central do Diretório Catequético Geral, onde a Igreja estabelece tanto o Catecumenato como a catequese para os adultos como o meio de reforma pastoral nas dioceses no período do pós-Concílio.


IV. Catechesi Tradendae

Catequese e Sacramentos
23. A catequese está intrinsecamente ligada a toda a ação litúrgica e sacramental, pois é nos Sacramentos, sobretudo na Eucaristia, que Cristo Jesus age em plenitude na transformação dos homens.
Na Igreja primitiva, o catecumenato e a iniciação aos Sacramentos do Batismo e da Eucaristia identificavam-se. Muito embora a Igreja nos antigos países cristãos, tenha mudado a sua prática neste campo, o catecumenato nunca neles foi abolido; ao contrário, está a ter até uma renovação e é amplamente praticado nas jovens Igrejas missionárias. De qualquer maneira, a catequese conserva sempre uma referência aos Sacramentos; toda a catequese leva necessariamente aos Sacramentos da fé. Por outro lado, a autêntica prática dos Sacramentos tem forçosamente um aspecto catequético. Por outras palavras, a vida sacramental empobrece-se e depressa se torna ritualismo oco, se não estiver fundado num conhecimento sério do que significam os Sacramentos. E a catequese intelectualiza-se, se não for haurir vida na prática sacramental.


V. DIRETÓRIO GERAL PARA  A CATEQUESE

O Catecumenato Batismal, Estrutura e Fases
88. A fé, impulsionada pela graça divina e cultivada pela ação da Igreja, experimenta um processo de amadurecimento. A catequese, a serviço desse crescimento, é uma ação gradual. Uma oportuna catequese é disposta por graus.
No catecumenato batismal, a formação se desenvolve em quatro etapas:
– o pré-catecumenato, caracterizado pelo fato que nele se realiza a primeira evangelização, em vista da conversão, e se explicita o  “kerigma” do primeiro anúncio;
– o catecumenato propriamente dito, destinado à catequese integral e em cujo início tem lugar a “entrega dos Evangelhos”;
– o tempo da purificação e iluminação, que fornece uma preparação mais intensa aos sacramentos da iniciação, e no qual tem lugar a “entrega do Símbolo” e a “entrega da Oração do Senhor”;
– o tempo da mistagogia, caracterizado pela experiência dos sacramentos e pelo ingresso na comunidade.
89. Estas etapas da grande tradição catecumenal, repletas de sabedoria, inspiram as fases da
catequese. Na época dos Padres da Igreja, de fato, a formação propriamente catecumenal se realizava mediante a catequese bíblica, centrada na narração da História da salvação; a preparação imediata ao Batismo, por meio da catequese doutrinal, que explicava o Símbolo e o Pai Nosso, recém entregues, com suas implicações morais; e a etapa que sucedia os sacramentos de iniciação, mediante a catequese mistagógica, que ajudava a interiorizar tais sacramentos e a incorporar-se na comunidade. Esta concepção patrística continua a ser uma fonte de luz para o Catecumenato atual e para a própria catequese de iniciação.
Esta, uma vez que é acompanhamento do processo de conversão, é essencialmente gradual; e uma vez que está a serviço daquele que decidiu seguir Cristo, é eminentemente cristocêntrica.


O Catecumenato batismal, inspirador da catequese na Igreja

90. Dado que a missão ad gentes é o paradigma de toda a missão evangelizadora da Igreja, o Catecumenato batismal, que lhe é inerente, é o modelo inspirador da sua ação catequizadora. Por isso, é oportuno sublinhar os elementos do Catecumenato que devem inspirar a catequese atual e o significado metodológico dos mesmos. É preciso, todavia, colocar a premissa que entre os catequizandos e os catecúmenos, e entre catequese pós-batismal e catequese pré-batismal, que lhes é respectivamente administrada, existe uma diferença fundamental. Ela provém dos sacramentos de iniciação recebido pelos primeiros, os quais já foram introduzidos na Igreja e já foram feitos filhos de Deus por meio do Batismo. Portanto, o fundamento da sua conversão é o Batismo já recebido, cuja força devem desenvolver.
91. Diante desta substancial diferença, consideram-se a seguir alguns elementos do Catecumenato batismal, que devem ser fonte de inspiração para a catequese pós-batismal:
– O Catecumenato batismal recorda constantemente a toda a Igreja, a importância fundamental da função da iniciação, com os basilares fatores que a constituem: a catequese e os sacramentos do Batismo, da Confirmação e da Eucaristia. A pastoral de iniciação cristã é vital para toda Igreja particular.
– O Catecumenato batismal é responsabilidade de toda a comunidade cristã. De fato, “tal iniciação cristã não deve ser apenas obra dos catequistas e dos sacerdotes, mas de toda a comunidade de fiéis, e sobretudo dos padrinhos”. A instituição catecumenal incrementa assim, na Igreja, a consciência da maternidade espiritual que ela exerce em toda forma de educação na fé.
– O Catecumenato batismal é todo impregnado pelo mistério da Páscoa de Cristo. Por isso, “toda iniciação deve relevar claramente o seu caráter pascal”. A Vigília pascal, centro da liturgia cristã, e a sua espiritualidade batismal, são inspiração para toda a catequese.
– O Catecumenato batismal é também, lugar privilegiado de inculturação. Seguindo o exemplo da Encarnação do Filho de Deus, feito homem num momento histórico concreto, a Igreja acolhe os catecúmenos integralmente, com os seus vínculos culturais. Toda a ação catequizadora participa desta função de incorporar na catolicidade da Igreja, as autênticas “sementes da Palavra” disseminadas nos indivíduos e nos povos.
– Finalmente, a concepção do Catecumenato batismal, como processo formativo e verdadeira escola de fé, oferece à catequese pós-batismal uma dinâmica e algumas notas qualificativas: a intensidade e a integridade da formação; o seu caráter gradual, com etapas definidas; a sua vinculação com ritos, símbolos e sinais, especialmente bíblicos e litúrgicos; a sua constante referência à comunidade cristã... A catequese pós-batismal, sem dever reproduzir mimeticamente a configuração do Catecumenato batismal, e reconhecendo aos catequizandos a sua realidade de batizados, deverá inspirar-se nesta “escola preparatória à vida cristã”, deixando-se fecundar pelos seus principais elementos caracterizadores.

Os Graus da Catequese e a Adaptação do Catecumenato
“Uma oportuna catequese é disposta por graus” (DGC n-88).
(O DGC, na sua nota de rodapé 286, Ensina assim:) “Esta gradualidade transparece também dos nomes que a Igreja utiliza para designar aqueles que se encontram nas diversas etapas do Catecumenato batismal: “simpatizante” (OICA 12), o já propenso à fé ainda que não creia plenamente; “catecúmeno” (OICA 17-18), o firmemente decidido a seguir Jesus; “eleito” ou “concorrente” (OICA 24), o chamado a receber o Batismo; o “neófito”, o recém-nascido à luz, graças ao Batismo; “fiel cristão” (OICA 39), o maduro na fé e membro ativo da comunidade cristã.”
Na caminhada cristã, na Igreja de Cristo, há, portanto, diversas etapas e níveis:
1º- Simpatizante; 2º- Catecúmeno; 3º- Eleito ou Concorrente; 4º- Neófito; 5º- Fiel Cristão
Hoje em dia, de acordo com as diversas situações pastorais, deve-se fazer um Catecumenato adaptado. Veja-se o que informa o DGC numa das suas notas de rodapé.
(DGC, nota n.199) CCE- 1253. No catecumenato batismal dos adultos, próprio da missão ad gentes, a catequese precede o Batismo. Na catequese dos batizados (crianças, jovens ou adultos), a formação é posterior. Porém, mesmo neste caso, o objetivo da catequese é o fazer descobrir e viver as imensas riquezas do Batismo já recebido. CCE- 1231 usa a expressão catecumenato pós-batismal. ChL 61 a chama de catequese pós-batismal.
Nota: A Igreja entende que é possível e insiste para que as dioceses implantem o catecumenato na ação pastoral ordinária para que possamos realizar aquilo que Cristo nos pede, Evangelizar, fazer discípulos seus em todos os lugares e ensinar-lhes a seguí-Lo (Cf. Mt 28, 19-20).


VI. Catecismo da Igreja Católica



A Iniciação Cristã

1229 Tornar-se cristão, eis algo que se realiza desde os tempos dos apóstolos por um itinerário e uma iniciação que passa por vária etapas. Este itinerário pode ser percorrido com rapidez ou lentamente. Deverá sempre comportar alguns elementos essenciais: o anúncio da palavra, o acolhimento do Evangelho acarretando uma conversão, a profissão de fé, o batismo, a efusão do Espírito Santo, o acesso à Comunhão Eucarística.
1230. Esta iniciação tem variado muito ao longo dos séculos e de acordo com as circunstâncias. Nos primeiros séculos da Igreja a iniciação cristã conheceu um grande desenvolvimento com um longo período de catecumenato e uma sequencia de ritos preparatórios que balizavam liturgicamente na caminhada da preparação catecumenal e desembocavam na celebração dos sacramentos da iniciação cristã.
1231. Quando o batismo das crianças tornou-se amplamente a forma habitual da celebração deste sacramento, esta passou a ser um único ato que integra de maneira muito resumidas as etapas prévias à iniciação cristã. Por sua própria natureza, o Batismo das crianças exige um catecumenato pós-batismal. Não se trata somente da necessidade de uma instrução posterior ao batismo, mas do desabrochar necessário da graça batismal no crescimento da pessoa. É o lugar próprio do catecismo.
1232. O Concílio Vaticano II restaurou, para a Igreja Latina, “o catecumenato dos adultos, distribuído em várias etapas”. Encontram-se tais ritos no Ordo Initiationis Cristianae Adultorum (Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos). O Concílio por sua vez permitiu que, além dos elementos de iniciação fornecidos pela tradição cristã, fossem admitidos em terra de missão estes outros elementos de iniciação cristã, cuja prática constatamos em cada povo, na medida em que possam ser adaptados ao rito cristão.
1233. Hoje em dia, portanto, em todos os ritos latinos e orientais, a iniciação cristã dos adultos começa desde a entrada deles no catecumenato, para atingir seu ponto culminante em uma única celebração dos sacramentos: Batismo, Crisma, e Eucaristia. Nos ritos orientais a iniciação cristã das crianças começa no batismo, seguido imediatamente pela confirmação e pela eucaristia, ao passo que no rito romano ela prossegue durante os anos da catequese, para terminar mais tarde com a confirmação e a eucaristia, ápice de sua iniciação cristã.


O Batismo dos Adultos

1247. Desde os princípios da Igreja, o Batismo dos adultos é a situação mais corrente nas terras onde o anúncio do Evangelho ainda é recente. O catecumenato (preparação para o Batismo) tem, nesse caso, um lugar importante; sendo iniciação na fé e na vida cristã, deve dispor para o acolhimento do dom de Deus no Batismo, Confirmação e Eucaristia.
1248. O catecumenato, ou formação dos catecúmenos, tem por finalidade permitir a estes, em resposta à iniciativa divina e em união com uma comunidade eclesial, conduzir à maturidade a sua conversão e a sua fé. Trata-se duma "formação e de uma aprendizagem de toda a vida cristã", mediante a qual os discípulos se unem com Cristo seu mestre. Por conseguinte, sejam os catecúmenos convenientemente iniciados no mistério da salvação, na prática dos costumes evangélicos, e, com ritos sagrados a celebrar em tempos sucessivos, sejam introduzidos na vida da fé, da Liturgia e da caridade do povo de Deus"
1249. Os catecúmenos "estão já unidos à Igreja", já são da casa de Cristo, e, não raro, eles levam já uma vida de fé, de esperança e de caridade" (41). "A mãe Igreja já os abraça como seus, com amor e solicitude"


VII. Ritual da Iniciação Cristã de Adultos

5. O rito de iniciação se adapta ao itinerário espiritual dos adultos, que varia segundo a multiforme graça de Deus, a livre cooperação dos mesmos, à ação da Igreja e as circunstâncias de tempo e lugar.
6. Nesse itinerário, além do tempo de informação e amadurecimento, há etapas ou passos, pelos quais o catecúmeno, ao caminhar como que atravessa uma porta ou sobe um degrau...
7. As etapas conduzem aos tempos de informação e amadurecimento ou são por eles separadas:
a) O primeiro tempo, que requer a informação da parte do candidato e da parte da Igreja, é consagrado à evangelização e ao pré-catecumenato, encerrando-se com o ingresso na ordem dos catecúmenos.
b) O segundo tempo, que se inicia por esse ingresso e pode durar vários anos, é dedicado à catequese e aos ritos anexos, terminando no dia da eleição
c) O terceiro tempo, muito breve, que normalmente coincide com as solenidades pascais e os sacramentos, é assinalado pela purificação e pela iluminação.
d) O ultimo tempo, que dura todo período pascal, é consagrado à mistagogia, isto é, à aquisição de experiencias e de resultados positivos, assim como ao aprofundamento das relações com a comunidade dos fiéis.
São, portanto, quatro os tempos sucessivos: o do pré-catecumenato, caracterizado pela primeira evangelização; o do catecumenato, destinado a catequese completa; o da purificação e iluminação, destinado a mais intensa preparação espiritual; e o da mistagogia, assinalado pela nova experiência dos sacramentos e da comunidade.


VIII. Catequese Renovada

119. É importante ressaltar a importância dessa orientação comunitária, em face da convicção, infelizmente ainda muito difundida, de que a catequese seria exclusivamente assunto das crianças. Mesmo algumas das escassas iniciativas especificas da catequese de adultos estão concebidas mais como prolongamento ou substitutivo da catequese elementar infantil, do que como resposta às exigências próprias de seu campo e de seus destinatários . Assim, o que acontece muitas vezes é que o homem cresce, mas não o cristão.
120. A catequese comunitária dos adultos, longe de ser apêndice ou complemento, deve ser o modelo ideal e a referência, a que se deve subordinar todas as outras formas de atividade catequética. Ela deve receber uma atenção prioritária em toda paróquia e comunidade eclesial de base (cf. CT IV parte).
281. A catequese é um processo dinâmico e abrangente  de educação da fé, um itinerário, e não apenas uma instrução. Na Igreja primitiva, já encontramos essa concepção de catequese no catecumenato, onde o ensino da doutrina dos apóstolos esta unida a uma vivência comunitária, à Liturgia e a uma prolongada iniciação a vida cristã em diversas etapas.
282. Puebla afirma que devemos empenhar-nos, como educadores da fé das pessoas e comunidades, numa metodologia que inclua, sob forma de processo permanente por etapas sucessivas a conversão, à fé em Cristo, à vida em comunidade, à vida sacramental e o compromisso apostólico ( Publa, n.1007).
318. Reafirmamos que a catequese é um processo de educação comunitária, permanente, progressiva, ordenada, orgânica e sistemática da fé. Sua finalidade é a maturidade da fé, num compromisso pessoal e comunitário de libertação integral, que deve acontecer já aqui e culminar na vida eterna feliz.


VIII. Documento de Aparecida

 288. A iniciação cristã, que inclui o querigma, é a maneira prática de colocar alguém em contato com Jesus Cristo e iniciá-lo no discipulado. Dá-nos,também, a oportunidade de fortalecer a unidade dos três sacramentos da iniciação, e aprofundar o rico sentido deles. A iniciação cristã, propriamente falando, refere-se à primeira iniciação nos mistérios da fé, seja na forma do catecumenato batismal para os não batizados, seja na forma do catecumenato pós-batismal para os batizados não suficientemente catequizados. Esse catecumenato está intimamente unido aos sacramentos da iniciação: batismo, confirmação e eucaristia, celebrados solenemente na Vigília Pascal. Teríamos que distingui-la, portanto, de outros processos catequéticos e formativos que podem ter a iniciação cristã como base.
 Propostas para a iniciação cristã
289. Sentimos a urgência de desenvolver em nossas comunidades um processo de iniciação na vida cristã que comece pelo querigma e que, guiado pela Palavra de Deus, conduza a um encontro pessoal, cada vez maior, com Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito homem, experimentado como plenitude da humanidade e que leve à conversão, ao seguimento em uma comunidade eclesial e a um amadurecimento de fé na prática dos sacramentos, do serviço e da missão.
293. A paróquia precisa ser o lugar onde se assegure a iniciação cristã e terá como tarefas irrenunciáveis: iniciar na vida cristã os adultos batizados e não suficientemente evangelizados; educar na fé as crianças batizadas em um processo que os leve a completar sua iniciação cristã; iniciar os não batizados que, havendo escutado o kerygma, querem abraçar a fé. Nesta tarefa, o estudo e a assimilação do Ritual de Iniciação Cristã de Adultos é uma referência necessária e um apoio seguro.
294. Assumir esta iniciação cristã exige não só uma renovação de modalidade catequética da paróquia. Propomos que o processo catequético de formação adotado pela Igreja para a iniciação cristã seja assumido em todo o Continente como a maneira ordinária e indispensável de introdução na vida cristã e como a catequese básica e fundamental. Depois, virá a catequese permanente que continua o processo de amadurecimento da fé, na qual se deve incorporar um discernimento vocacional e a iluminação para projetos pessoais de vida.


IX. Diretório Nacional para a Catequese

50. A catequese não prepara simplesmente para este ou aquele sacramento. O sacramento é uma conseqüência de uma adesão à proposta do reino, vivida na igreja. Nosso processo de crescimento da fé é permanente; os sacramentos alimentam esse processo e têm conseqüências na vida. Diante da importância de assumir uma catequese de feição catecumenal, é necessário rever, profundamente, não apenas os “cursos de Batismo e de noivos” e outros semelhantes, mas todo o processo de catequese em nossa igreja, para que se pautem pelo modelo do catecumenato.


Conclusão

O Catecumenato representa, sem dúvida, a firme vontade da Igreja; esta, por sua vez, na sua vontade, traduz legitimamente a firme vontade de Cristo. Nos serviços pastorais, deve ser nossa preocupação sempre fazer a vontade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Assim, implantar o catecumenato nas paróquias precisa ser o objetivo de todas as igrejas particulares para que cheguemos a ter uma pastoral de conjunto, onde todos aprendem, experimentam, vivenciam e celebram aquilo que recebemos dos Apóstolos.
É sem dúvida um dom de Deus para a sua Igreja e para os filhos da Igreja a instituição do catecumenato como meio e instrumento de preparação dos fiéis para a vida cristã e para a pastoral da Igreja; e, para os introduzir na vida cristã de forma madura, consciente e ativa.
Confio esta apresentação aos cuidados maternos da Santíssima Virgem Maria, de São José, castíssimo esposo da Virgem e patrono da Igreja Universal, a São Miguel Arcanjo e ao beato João Paulo II para que produza frutos.
Pe. Alfredo Rosa Borges
Vigário Paroquial na Paróquia Santo Antônio de Pádua
Miracema, RJ.

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