FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA, BABOSA, CAMPOS, RJ
FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA EM BABOSA, CAMPOS, RJ.
HOMILIA
Por: Pe. Alfredo Rosa Borges
Caríssimos irmãos e irmãs, depois
de celebrar o Natal do Senhor, nos reunimos para celebrar, antes do ano novo, a
Festa litúrgica da Sagrada Família. É com alegria que o fazemos. Deus nos deu
forças para viver e vencer durante o ano de 2016. Estamos a apenas um dia para
acolher com esperança, o ano de 2017, onde sabemos que nos acompanhará o Senhor.
Deus nos dará forças parar chegar ao final de 2017 mesmo que haja lutas e
dores. Como em toda celebração litúrgica, Deus nos fala aos ouvidos e ao
coração oferecendo-nos palavras de fé, de conforto e de esperança. Hoje, o
Senhor nos oferece orientações para a vida em família.
Comecemos nossa meditação sobre
os textos bíblicos de pelo Evangelho de São Mateus.
O menino Jesus apenas acabara de
nascer. Todos os cuidados e atenções de São José e da Virgem Maria se voltam
para Ele. Não será este um sinal de como devemos viver em família, Com as
atenções voltadas para Jesus Cristo o Senhor? Sim, porque nunca sabemos o que
nos pode acontecer. Depois de receber dos pastores e dos Reis Magos palavras e
presentes de honra e grandeza, eis que surge uma dificuldade arrasadora: querem
matar o menino (Cf. MT 2,13). Certamente a dor e a aflição tomaram conta do
coração dos pais; teriam que partir para uma terra distante e desconhecida para
eles que não sabiam sequer o caminho. Caminhos estranhos e perigosos os
aguardavam por, não se sabe quanto tempo de viagem. Era uma aventura inesperada
na qual teriam que embarcar para salvar a vida do filho de Deus, do Deus
conosco, o Emanuel anunciado pelos profetas, o Messias predito nas Escrituras,
o todo poderoso que se submete à violência humana e aos cuidados de um pai e
uma mãe humanos. De fato, o Filho de Deus se fez homem para viver em tudo a
condição humana até às últimas conseqüências da fragilidade que sofremos (Cf.
Hb 2,17). É o drama que, neste mundo violento e impiedoso, se abate, também nos
dias de hoje, sobre as pessoas de bem que querem salvar os seus filhos do
tirano que quer tirar-lhes a vida. O nosso inimigo comum é o demônio que se
serve de homens como Herodes, ou daqueles que impunham armas. Também na jornada
rumo ao Egito, a Sagrada Família encontrou quem lhes quisesse roubar algum
pequeno bem material que, por ventura, levassem consigo. No Brasil, políticos
inescrupulosos roubam o salário que o pai de família usaria para matar a fome
dos filhos. No entanto, em meio a um drama tão desanimador, estava no centro da
vida e da família daquele homem simples, um carpinteiro, e daquela jovem
desconhecida, o Deus soberano que os era capaz de livrar de todos os males. Por
causa do menino e no menino é que eles obtinham forças para continuar
caminhando sem revolta e sem desânimo. É em Cristo que nossas famílias devem
buscar sua coragem para não desanimar de caminhar como cristãos e gente de bem
num mundo que lhes oferece perigos e ameaças.
Como ouvimos no evangelho, Deus
não deixa de falar ao coração do pai e da mãe de família para orientar-lhes
sobre o rumo que devem seguir (Cf. Mt 2,13-14). Em todos os momentos de
dificuldades e temores, vimos que Deus falava com José e lhe dizia o que
deveria fazer. José foi capaz de seguir as orientações de Deus naquele mundo
tenebroso porque teve fé. Por isso mesmo ele é o modelo para todos os pais e
mães de hoje quando o mundo inteiro encontra-se como que em trevas densas e sujas.
Um pai e uma mãe de adolescentes ou crianças, nunca devem perder a sua fé, mas
pela obediência da fé, devem seguir as orientações divinas obtidas nos momentos
de oração, na pregação da Igreja e na Palavra do Senhor meditada diariamente e,
especialmente, numa vida sacramental vivida conscientemente.
Antes de passar ao próximo tema,
desejo ainda destacar o seguinte: Jesus menino, nos braços de Maria Santíssima,
é o Deus todo poderoso, que pode, com um milagre, livrar seus pais daquela
dramática situação, mas prefere submeter-se à força maldosa dos seres humanos
que são livres para escolher fazer o bem ou mal. E, porque são livres, quando escolhem
fazer o mal, são também culpados do mal que praticaram.
Voltemos agora o nosso olhar de
fé para a primeira leitura . Aqui, somos convidados a verificar as orientações
de Deus para nós os filhos. Este trecho do livro do eclesiástico é uma bela e
terna exposição a respeito do quarto mandamento da lei de Deus que nos manda
honrar o pai e a mãe. Porque honrá-los? Porque “quem honra o seu pai, terá
alegria com os seus próprios filhos” (Eclo 3, 4-6). Vale lembrar aqui que o
oposto também é verdadeiro: quem não respeita o seu pai, terá aborrecimentos e
sofrimentos com os seus filhos no futuro. “Quem respeita a sua mãe é como
alguém que ajunta tesouros” (Eclo 3, 5). Os tesouros são espirituais merecidos
pela obediência, às vezes, torturante porque o que queremos naquele momento é
diferente ou oposto ao querer da mãe. Ao filho obediente, no entanto, Deus dará
inúmeras recompensas e benefícios futuros e também já imediatos. Portanto,
queridos filhos e filhas, não tenham medo de, em nome de Deus, obedecer aos seus
pais. A obediência aos pais não tira nada e dá tudo.
E quando os pais estiverem idosos
e enfraquecidos, o que fazer com eles? O que a Bíblia diz sobre isso? “Meu
filho, ampara o seu pai na velhice e não lhe cause desgosto enquanto ele vive.
Mesmo que ele esteja perdendo a lucidez, procure ser compreensivo com ele; não
o humilhe em nenhum dos dias da sua vida” (Eclo 3, 14-15). O que vale para o
pai, vale para a mãe, e o que vale para o rapaz, vale para a moça. Ampara o seu
pai e sua mãe quando eles estiverem idosos, porque eles ampararam você quando
você ainda não conseguia cuidar de si mesmo e sobreviver sozinho. Agora, a
situação se inverteu, são eles que não conseguem sobreviver sozinhos e você
filho ou filha é que deve cuidar deles; não coloquem seus pais no asilo, lá é
lugar daqueles que não tem ninguém por si.
Antes de concluir nossa
meditação, caríssimos irmãos e irmãs, passemos ainda uma olhada rápida por
sobre as linhas breves da segunda leitura extraída da carta aos colossenses.
Esta passagem das Escrituras nos dá uma breve orientação sobre a vida em
comunidade, mas que se encaixa perfeitamente nas orientações para a vida em
família. E o que nos ensina este belo sermão do apóstolos São Paulo? Vejamos:
“revistam-se de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência,
suportando-se uns aos outros e perdoando-se mutuamente se um tiver queixa
contra o outro” (Col 3, 12-13). Neste versículo da carta aos colossenses se
esconde o segredo para a paz na vida familiar. Se há um lugar onde Deus habita,
é, ali, onde existe humildade e mansidão. Por isso, em casa, deve-se fazer de
tudo para que sempre reine um clima de humildade e mansidão. Para isso se
requer muita força de vontade porque não se trata de virtude de fracos, mas de
gente que luta com bravura e persistência. No lar, deve-se cuidar para que,
sobretudo, a ternura tenha um lugar privilegiado, porque o que vem a seguir só
acontecerá se for feito com muita serenidade e caridade, com aparência de quem
fala por amor e não por ser mais e melhor: “Ensinem-se e corrijam-se uns aos
outros com toda a sabedoria” (Col 3,16). Se trata de uma tremenda missão dos
membros de uma família, ajudar o outro a melhorar, a crescer, não tem nada mais
belo de se viver no seio de uma família, mas também, não tem nada mais difícil de
se conseguir com paz e tranquilidade.
Termino, lembrando aquilo que foi
vivido com muita intensidade no lar de Nazaré. As esposas sejam solícitas aos
seus maridos (Cf. Col 3, 18). O que significa ser solícita? É o contrário de
empregada, ou escrava; ser solícita significa ser atenciosa, atenta, delicada,
pronta a entender o marido a partir do seu respirar ou andar. Essa virtude
exige o amor verdadeiro, como foi o de Maria Por José. A mulher deve ter
carinho com as coisas da casa e com as coisas do esposo, que é o cabeça da
família também no sentido de que deve ser o mestre na fé e o responsável pela
vida de oração na família. E o que se diz aos maridos? Maridos, amem as suas
esposas e não sejam grosseiros com elas (Cf. col 3, 19). Esta palavra quer dizer
que o marido precisa ser doce para com sua esposa; que deve cuidar dela como se
cuida de uma bela e frágil flor com a qual se lida com todo carinho para não
melindrar e causar algum dano às suas pétalas. Aqui, eu faço um alerta com toda
caridade, mas também com toda severidade que a importância da coisa exige: o
rapaz que sabe que não conseguirá ser doce e delicado para com a esposa, não se
a atreva a casar-se. Os pecados que ele cometerá ficando solteiro e não
conseguindo refrear as agitações da carne serão muito menos graves do que os
maus tratos feitos a uma mulher. Se existe um pecado para o qual haverá severas
cobranças por parte de Deus, são os pecados dos homens mal educados para com
suas esposas. Oxalá, num lar católico, esse mal nunca chegue nem perto.
Peçamos a São José, homem de
ternura e carinho, cheio de afeição para com sua esposa Maria, que interceda,
hoje e sempre, por todos aqueles que se casam e os tome sob a sua proteção e
que a Sagrada Família de Nazaré ampare e proteja todas as famílias do mundo de
todos os perigos corporais e espirituais; que leve ao auge da maturidade os
filhos que, hoje, são educados a custo de muita aflição e também de sofrimentos
de tantos pais. Amém.
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